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Desafios e Avanços na Inclusão de Mulheres na Saúde:

Atualizado: 9 de mai. de 2024

Um apelo à autodefesa e empoderamento



No âmbito da saúde, a frase "o conhecimento é poder" ressoa profundamente, sobretudo quando se trata de compreender as complexidades da saúde da mulher. No entanto, até há algumas décadas atrás as mulheres estavam significativamente sub-representadas em pesquisas clínicas, deixando uma lacuna evidente na compreensão das suas necessidades de saúde únicas.

 

Durante muito tempo, a pesquisa médica predominantemente se concentrou em sujeitos masculinos, levando a uma compreensão tendenciosa dos resultados de saúde e tratamento. Essa disparidade decorreu de uma variedade de fatores, incluindo crenças desatualizadas sobre o papel das mulheres na sociedade e preocupações com potenciais flutuações hormonais que poderiam complicar os resultados do estudo. Consequentemente, muitos medicamentos e tratamentos foram desenvolvidos com dados limitados sobre a sua eficácia e segurança para as mulheres.


Um evento marcante que destaca a necessidade de incluir mulheres em pesquisas clínicas ocorreu com a utilização de sangue menstrual real para estudos menstruais. Antes disso, grande parte da compreensão da saúde menstrual baseava-se em opiniões e especulações, em vez de evidências científicas concretas. A inclusão do sangue menstrual na pesquisa marcou um passo significativo em reconhecer e abordar as necessidades específicas de saúde das mulheres.



Certamente já reparaste que nas publicidades de pensos higiénicos é usado um líquido azul em vez de sangue. Deves pensar que isso se deve ao facto de não ser adequado mostrar sangue num anúncio. Entretanto, não é esta a razão. Estás preparada? A verdade é que os pensos não são testados com sangue, e a publicidade apenas reflete essa prática. O primeiro estudo a comparar a absorção de diferentes produtos menstruais utilizando sangue humano real em vez de água ou solução salina foi publicado em agosto de 2023. Parece que não foste tu que compraste os pensos errados, afinal, os pensos é que não foram bem testados para a tua realidade! Que balde de água fria, não é?


Este estudo pioneiro buscou desmistificar e destigmatizar o sangramento menstrual intenso, que afeta cerca de um terço das mulheres. Esta pesquisa inovadora forneceu informações valiosas sobre o desempenho dos diversos produtos menstruais em cenários do mundo real, utilizando uma metodologia de teste mais precisa e relevante. Ao incorporar sangue humano real, o estudo avançou nossa compreensão da absorção de produtos menstruais e abriu caminho para escolhas e discussões mais informadas sobre saúde menstrual.

 

1993: Um Momento Crucial na Inclusão de Mulheres em Pesquisas Clínicas




Até o início da década de 1990, a participação das mulheres em ensaios clínicos era limitada, ou até mesmo inexistente, devido a uma série de fatores históricos e sociais. Questões de segurança, como potenciais efeitos nos ciclos menstruais e gravidez, eram frequentemente citadas como justificativas para a exclusão das mulheres de estudos médicos. Além disso, havia uma visão generalizada de que as variações hormonais e biológicas das mulheres tornavam os resultados dos estudos mais complexos e difíceis de interpretar.

 

No entanto, à medida em que a conscientização sobre as disparidades de gênero na pesquisa clínica aumentava, pressões políticas e sociais começaram a surgir para garantir uma representação mais equitativa das mulheres nos estudos médicos. Um marco significativo nesse movimento ocorreu em 1993, quando os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos promulgaram a Política de Inclusão de Mulheres em Ensaios Clínicos, que rapidamente se espalhou por todo mundo.

 

Essa política exigia que as mulheres fossem incluídas em todos os ensaios clínicos financiados pelos Institutos Nacionais de Saúde, a menos que houvesse justificativas científicas válidas para sua exclusão. Esta mudança representou um ponto de viragem fundamental, destacando a importância da inclusão das mulheres na pesquisa clínica e estabelecendo um precedente para políticas similares em todo o mundo.

 

Desafios Contínuos e o Caminho a Seguir



Apesar dos avanços, ainda lutamos pela verdadeira igualdade de gênero na pesquisa clínica. As mulheres continuam sub-representadas em muitos estudos, especialmente em questões como saúde reprodutiva e distúrbios autoimunes. Essa falta de representação pode levar a diagnósticos equivocados e tratamentos inadequados.

 

Diante dessa disparidade, é crucial que nos tornemos ativas na nossa jornada de saúde, fazendo as perguntas certas na busca por soluções e exigindo melhor esclarecimento e representação. É importante procurar saber como o tratamento afeta as mulheres, em especial as mulheres da nossa comunidade. A participação de cada uma pode garantir que suas necessidades de saúde sejam atendidas e que as intervenções médicas sejam baseadas em dados inclusivos e robustos.


Além disso, o impulso pela inclusividade se estende além do gênero para abranger populações diversas, incluindo pessoas de diferentes idades, raças, etnias e origens socioeconômicas. Abraçar a diversidade na pesquisa clínica e no atendimento não apenas aprimora nossa compreensão das disparidades de saúde, mas também promove um sistema de saúde mais inclusivo e equitativo.



Ao refletirmos sobre o progresso feito desde 1993 na inclusão de mulheres em pesquisas clínicas, fica claro que ainda há muito trabalho a ser feito. Ao advogar por uma maior representação, desafiar preconceitos e participar ativamente na sua jornada de saude, as mulheres podem abrir caminho para um futuro em que a saúde seja verdadeiramente adaptada às suas necessidades. Na busca por uma saúde e bem-estar ótimos, o conhecimento realmente é poder, e é hora de as mulheres aproveitarem esse poder e impulsionarem mudanças positivas no campo da saúde.

 

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Referências:


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Frick, C., Rumgay, H., Vignat, J., Ginsburg, O., Nolte, E., Bray, F., et al. (2023). Quantitative estimates of preventable and treatable deaths from 36 cancers worldwide: a population-based study. Retrieved from: https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S2214-109X%2823%2900406-0

 

Lopes, L. (2022). Como a histórica falta de mulheres em ensaios clínicos afeta a saúde delas. Retrieved from: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2022/03/como-historica-falta-de-mulheres-em-ensaios-clinicos-afeta-saude-delas.html

 

National Institutes of Health (NIH). (1993). NIH Revitalization Act of 1993. Retrieved from: https://grants.nih.gov/grants/olaw/pl103-43.pdf

 

Silva,M. O., Saúde e Bem-Estar das Mulheres: Um Potencial a Alcançar. (2022). Retrieved from: https://www.saudes.pt/media/1067/estudo-2022.pdf






 
 
 

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